segunda-feira, novembro 21, 2005

As quatro vidas do Salgueiro – Shan Sa

“- Porque temos nós relações particulares com certas pessoas? Porque nos fazem algumas sofrer e outras nos deixam felizes? Porque entram elas no nosso universo, para nos deixarem de repente, abandonando-nos à tristeza e ao desespero? Porque nasceram eles para serem nossos pais, nossos irmãos e irmãs, nossos cães, nossos gatos, ou uma formiga que esmagamos acidentalmente com o sapato? Porque somos nós traídos, mortos, amados e sacrificados? É o nó do carma! Através das existências renovadas sem cessar, as almas procuram libertar-se das suas vidas anteriores.”

As quatro vidas do Salgueiro – Shan Sa

sexta-feira, novembro 18, 2005

Opressão

Oprimo no peito as palavras não ditas,
engasgadas em suspiros presos na garganta
de fogos que ardem em mim sem se ver
esperando ver a vida a acontecer.

Oprimo em mim as palavras caladas,
escondidas cá dentro no meu peito
de gelo que arrefece o meu espírito
nesta vontade embriagada de te ver.

Oprimo esta vontade suprema de gritar
toda aquela raiva acumulada do mundo
de desespero por não conseguir viver
indomada, pura e selvagem.

segunda-feira, novembro 07, 2005

Apetece-me

Apetece-me o teu abraço apertado,
as tuas torrentes de palavras
tão plenas,tão cheias de significado.

Apetece-me a tua mão na minha,
enquanto passeamos pelo jardim,
pelo belo jardim dos nossos abraços.

Apetece-me o teu perfume,
inebriante e estonteante,
cheio de promessas inesperadas.

Apetece-me a tua amizade,
as tuas imagens tão iguais a mim.

Apetece-me estar perto de ti.

Novo membro

Venho por este meio informar que temos um novo membro no nosso blog.
Tomei a liberdade de convidar o meu amigo JesusRocks a juntar-se a nós. Espero que a sua chuva de palavras delicadas,dedicadas,amadas e sonhadas venham melhorar ainda mais este blog... Até lá e enquanto ele não escreve aqui nada, poderão lê-lo em 100 Contemplações.

Cumprimentos bloguistas

sexta-feira, outubro 28, 2005

Carinho


Afago o teu cabelo como se nada mais existisse no mundo,só tu e eu.
Perco-me entre a música da tua respiração enquanto te tenho aqui.
Olho o céu e penso que aqui sou feliz, aqui onde o tempo pára...
Volto sempre para ti, por mais que o tempo passe e a realidade doa.
Volto porque és o meu porto de abrigo, porque me sinto EU no TU que és.
Volto como voltarei sempre, porque és a fonte que me mata a sede.
Anseio pelo teu calor com tanta força que me dói cá dentro.
Fazes-me falta...

quarta-feira, outubro 26, 2005

Tempo

Hoje o tempo não faz sentido,
será apenas mais um dia para ser vivido,
como tantos outros que se sucedem...

Perdemo-nos na rotina do dia-a-dia.
Vamos transpirando a nossa essência,
libertada em pequenas gotas de suor.

Simplesmente não há tempo...
Talvez nunca chegará a haver...
Não há tempo para realmente viver!

domingo, fevereiro 13, 2005

Fim


Talvez porque te amasse
sem o saber,
nesse dia em que me desiludiste
virei-me
noutra direcção.

Não que tivesse sentido
da tua parte qualquer sinal
[nem antes, nem depois]-
mas, simplesmente,
esgotas-te em mim.

Como aquelas imagens
que durante longo tempo
envelhecem nas paredes,
e um dia a gente sente
que têm de partir,
de serem substituídas por outras,
não por causa delas em si,
mas porque intuímos que consumaram
a sua razão de ser.

Foi como quando
deixei de crer na transcendência,
irreversível e trágico momento
em que, ao sair de uma igreja,
de repente me encontrei só.
Tão exposto com as outras coisas,
e no entanto dolorosamente
[ao contrário delas]
consciente disso.

Sem perceberem que tudo
o que econtece, mesmo num instante,
é o ponto de chegada de uma vida
de procura, alegria e sofrimento.

Temos de atravessar
este mundo desprevenido,
como quando eu percebi que tu já não existias,
qualquer que fosse o tu
que tu tivesses sido.

E assim preparamo-nos
para a sede da viagem
que vai de um ponto a outro
de nós mesmos:
uma pista no deserto,
sem princípio nem fim,
pronta a desaparecer em cada duna.

E no entanto,
resplandescente ao sol,
numa luz total,
absolutamente vazia.

Texto de Vitor Oliveira Jorge

sexta-feira, janeiro 28, 2005

Deus

"Nunca acreditei em Deus. Pelo menos no vosso Deus; o Deus que contempla o seu tabuleiro de xadrez e move as peças a seu bel-prazer, erguendo ocasionalmente os olhos para o rosto do Adversário com o sorriso de alguém que já conhece o desfecho. Acho que tem de haver algo de horrivelmente imperfeito num Criador que persiste em pôr à prova as suas criaturas, levando-as à destruição, em criar um mundo repleto de prazeres apenas para anunciar que todo o prazer é pecado, em criar uma humanidade imperfeita e esperar que sejamos nós a aspirar à perfeição. O Diabo, ao menos, joga jogo limpo. Sabemos com o que contamos. Mas até ele, o Senhor da Astúcia, trabalha em segredo para o Todo-Poderoso. Tal mestre, tal aprendiz. "

in Na Corda Bamba, de Joanne Harris

P.S. Voltei. Perdoem a minha ausência e o meu silêncio. Tentarei voltar mais vezes.
Beijinhos a todos os que continuaram com o Rain Dreams enquanto andei desaparecida.
Já andei a mudar algumas coisas por aqui,para que este blog fique cada vez melhor :-)